quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Capítulo I

     Um novo dia amanhecia em Ouro Preto, em Minas Gerais, como de costume Dante, levantou cedo, enquanto o café era preparado, ele olhava para a grande janela da sala de seu apartamento, uma paisagem montanhosa, rodeada de casebres coloniais, Dante começou uma espécie de Flashback em sua cabeça, se lembrando de quando saiu de São Paulo, sua terra natal, para trabalhar em Ouro Preto há dois anos atrás, Dante estava perdido em seus pensamentos quando foi interrompido.
    - Bom dia meu amor, achei que você já estivesse indo para a escavação.
Ao se virar, viu com nitidez atrás dele, uma mulher de cabelos vermelhos cacheados, em um roupão, era Pâmela, sua namorada e companheira de Trabalho
    - Acordei cedo como de costume e fui preparar Café, não quis atrapalhar seu sono. Ela o beijou levemente e sentou a mesa da cozinha.
   - Você estava pensando em que? estava muito distraído olhando para o horizonte.
   - Relembrando quando cheguei aqui, dois anos atrás,seria tão bom se pudéssemos voltar no tempo.
   - Infelizmente não podemos, você está assistindo muito Doctor Who, precisa ser mais adulto, já está com 25 anos, e dois doutorados, precisa repensar sua vida, sua carreira de Arqueólogo está estabilizada.
 - Eu sei Pâm, mas estamos a dois anos aqui e nada de descobertas relevantes, em breve a pesquisa, virará Pó, as pessoas não se interessam muito por Inconfidência Mineira, Arte Sacra ou Casarões Coloniais como nós dois nos interessamos.
- Não exagere, lembre-se que hoje chegará uma nova equipe do Rio Grande do Sul, isso nos ajudará muito,
- Esse é o problema, entre eles está o Marlon, eu sei que ele é seu amigo, mas não confio nele, nunca a questão material pode importar mais que tudo para um Arqueólogo, não esqueci quando ele tentou afanar alguns objetos em outras escavações.
- Não se preocupe amor, como amiga dele espero mantê-lo na linha.
- Assim espero.

Os dois seguiram para a escavação, onde encontrariam, o restante da equipe e receberiam os novos membros.

Marlon foi o primeiro a desembarcar, Dante tinha arrepios na espinha ao encontrá-lo, não confiava e não confiaria nunca nele.

- Olá Dante, quanto tempo, espero que esteja bem. Marlon o estendia a mão
- Oi Marlon, espero que você saiba que estou de olho em você, e que fique claro que não confio em você e estou seguindo seus passos de perto. Dante encarou fortemente, e apertou fortemente sua mão.

Logo atrás de Marlon, estava Suelen, sua assistente

- Prazer em conhecê-los. Suelen fitou Pâmela, e Dante não gostou daquele olhar, sentiu algo ruim, assim como em Marlon, mas decidiu disfarçar, Pâmela respondeu o olhar com um sorriso envergonhado.

-Vamos todos, temos muito trabalho hoje para fazer, esbravejou Dante.

A noite Dante estava tenso, não gostou de quem acabara de chegar na escavação, aqueles olhares de felinos o deixaram apreensivo.

- Dante, vamos fazer algo hoje a noite, você não disse uma palavra desde que voltou da escavação, a Suelen foi super simpática me pediu pra mostrar a cidade pra ela, não quer vir não?
- Não, Pâm, o dia foi cansativo, vou tomar um banho quente.

Na manhã seguinte, O som do telefone acordou Dante, que ainda sonolento o atendeu:

-Alô ?
- Fala irmãozinho
- Oi, Dani, porquê tão cedo o telefonema?
- Eu e a Giulia estamos comemorando um ano juntos, e estávamos pensando em fazer uma viagem até Ouro Preto pra comemorar, Você recomendaria qual pousada ?
- Claro que não maninho, se vocês quiserem, podem ficar aqui em casa, tem lugar de sobra aqui.
- Seria ótimo, mas não te infernizaria mais? haha
-Nunca irmão, você sempre é bem-vindo aqui, assim como a Giulia.Quando vocês planejam vir?
-Acredito que sairemos de São Paulo amanhã pela manhã.
-OK, estarei aqui para recêbe-los.
-Até mais Dante, fique bem irmão.
-Você também Dani, até breve.

A noticia da vinda de Daniel e Giulia aliviou a tensão em Dante, mesmo assim ela estava apreensivo por ir a escavação, ao chegar , se deu conta que Pâmela, não estava lá.

-Ei Gel, você viu a Pâmela
- Vi sim Doutor, ela está lá, vindo pra cá com aquela moça nova, a tal de Suelen.

Dante espumou ao ver as duas vindo em sua direção, mas preferiu guardar o rancor, para ele mesmo,

- Dan, desculpe o atraso, acabei perdendo a hora meu amor
- Ok, sem problemas, mas vamos adiantar as coisas hoje.

Durante a calmaria da escavação, Dante se dirigiu a Pâmela

- Meu irmão está vindo pra cá,junto com a Giulia, vão passar um tempo em casa para comemorar o aniversário de namoro.
- Dan, não sei porquê você insiste em chamar o Daniel de irmão, ele não é seu irmão biológico.
-Eu sei disso, mas eu vi ele nascer, vivemos a vida toda juntos, minha mãe é madrinha de batismo dele e a mãe dele a minha, ele é como um irmão mais novo pra mim. E falando nisso você está muito próxima da Suelen, não gosto disso, ela é braço direito do Marlon, não quero você perto de gente assim,
- Como sempre Machista né Dan, eu vivi aqui por dois anos, só com você, mereço ter uma amizade feminina.E se levantou para outro ponto da escavação.

Dante preferiu deixar as coisas esfriarem sozinhas, e continuou o trabalho,

Finalmente chegara o dia da chegada de Daniel e Giulia, Dante correu para abastecer a geladeira, que por conta do trabalho costumava ficar bem vazia, e logo eles já batiam a porta.

- Como é bom recebê-los aqui
- Obrigado por tudo Dan, agradecia Daniel
- Muito obrigado pela ajuda Dan, nos ajudou muito financeiramente, ria Giulia o abraçando.
- Venham vou alocar vocês no quarto.Dante pegou as malas e as levou até o quarto.

Já era tarde da noite, Dante estava sentado na varanda, sentindo a brisa da serra.

- Ainda acordado Dan? Perguntava Daniel na sala
- Muitas coisas na cabeça ultimamente
- Quer conversar?
- Seria bom, sente-se aqui
- E a Pâmela? como estão? achei que ela estaria aqui.
- Acho que estamos bem, pelo menos acho.
- Eu te conheço irmão, o que te incomoda?
- Muitas coisas Dani, já estou aqui a 2 anos, e nada descoberto nas escavações, a Universidade ameaça cortar as verbas, as famílias nos pressionam a sair de suas casas centenárias, e o casarão do Visconde de Barbacena, só se mostrou ser um monte de poeira irrelevante.
- Nossa isso é complicado.
- Aliando ao fato da vinda do Marlon pra cá
- Aquele cara que desviava as peças das escavações para contrabandistas?
-Esse mesmo, e trouxe com ele uma mulher que não confio nela, uma tal de Suelen, que agora está unha e carne com a Pâm, e isso fez que eu tivesse uma briga com ela.
-Sem ofender maninho, mas vocês namoram a um tempinho, e nunca achei que ela fosse mulher para você, ela se acha muito adulta, mas não passa de uma menina mimada, você merece coisa melhor, pelo menos acho.
- Eu acho que essa escavação está me deixando louco isso sim. Quer saber vocês vão comigo amanhã pra lá, vai que vocês nos dão sorte.
- Se você diz isso, Haha
- Então é melhor dormimos então.

No dia seguinte Dante seguiu para a escavação com Daniel e Giulia.

Após quase três horas, um grito ecoou.

- Doutor, venha cá, encontrei algo

Dante correu até a pequena quadrícula e lá viu uma pequena caixa de madeira, aquela região erá o porão da antiga casa do interventor das Minas Gerais, o Visconde de Barbacena, podia ser alguma jóia, ou tesouro tomado de algum líder da Inconfidência Mineira.

Ao abrir, com todo cuidado, Dante viu um belo relógio de bolso, feito de prata. na tampa a inscrição
"In Prologo"

- O que significa isso? perguntou Giulia
-Significa " O Prólogo", respondeu Dante
- Mas não pode ser possível isso, é só uma lenda
- O que Dan? perguntava Pâmela desesperada.
- Dizem que na França do século XVIII, um relojoeiro criou uma série de relógios, feitos a partir de um metal parecido com Prata, chamado de Atemporus, um metal instável, que em contato com o outro metal semelhante produz uma fenda temporal, semelhante ao buraco negro, que cria lapsos que se pode viajar no tempo. Segundo a lenda muitas figuras históricas, possuíam esses relógios, se a lenda for verdadeira o Visconde pode ter viajado ao passado para descobrir os planos dos inconfidentes, mas a questão é descobrir como ele tem esse relógio místico.

- Isso é pura loucura, dizia Pâmela
- Pode até ser, mas encontramos finalmente algo relevante aqui, respondeu Dante
- Temos que comemorar, disse Marlon com olhar sarcástico para Dante.
- Sim, dessa vez podemos comemorar, faremos um churrasco aqui hoje a noite, todos aqui as 19h.

Dante finalmente estava radiante, depois de dias.

- Não disse que vocês trariam sorte, Dante abraçava Daniel e Giulia ao mesmo tempo.
- Onde está a Pâmela, Dante ?
- Foi na frente Giu, disse que compraria bebidas, eu não bebo, mas ela bebe, então cedi a esse capricho dela, por ser uma confraternização. Respondeu Dante abotoando o último botão de sua camisa.
-Bem, vou indo na frente, quero adiantar as carnes, afinal estamos com fome haha
- Ok irmão, já te alcançaremos, vou terminar de me arrumar.

Dante foi caminhado até a escavação, já no casarão, ele ouviu duas mulheres conversando, onde antes possivelmente foi uma copa,Após se aproximar do vão da porta, se deparou com Suelen e Pâmela conversando.

- Eu não posso fazer isso, ele é meu namorado
-Agora você pode, você é minha agora, Suelen deu um simples beijo em Pâmela.
- Ele não é mais necessário, você mofou dois anos aqui com ele, agora pode, graças a esse relógio ser rica, e ficar ao meu lado em Paris.
-Mas o que acontecerá com ele?
- O Marlon sabe muito bem o que fazer, planeja isso a anos, você não precisa mais dele, agora tem a mim, e tem uma fortuna nas mãos.
- Você tem razão meu amor, Pâmela respondeu ao beijo de Suelen.

Ainda transtornado, Dante se perguntava porquê mesmo desconfiado dela não fez nada, Pâmela estava do outro lado agora, a primeira reação de Dante foi correr até a sala onde estava a caixa de madeira do relógio. Ao chegar o relógio ainda estava lá, e ele respirou aliviado.

- Parabéns Dante, descobriu um belo tesouro, infelizmente eu acho que você não conseguirá ter os créditos por ela. O barulho de uma arma sendo engatilhada, fez Dante olhar pará trás, e lá estava Marlon, lhe apontando a arma. Dante levantou as mãos e se virou, Num lapso de momento e de distração de Marlon olhando o relógio, Dante pulou nele, que deixou a arma cair, os dois rolavam pelo chão, trocando socos, e Dante tentando impedir que Marlon alcançasse a Arma.

Dante no calor da luta corpo-a-corpo sentiu uma dor exorbitante na sua perna depois de um estampido,Pâmela havia o acertado na perna com um tiro, ainda sangrando ele se levantou se apoiando em uma velha escrivaninha.

- Você sempre foi muito corajoso e forte, mas seu tempo acabou Dan, disse Pâmela atirando mais duas vezes em suas costas.

- Muito bem minha garota, Dizia Suelen, tirando a arma da mão de Pâmela e a guardando.

Mesmo com a visão embaçada, Dante se levantou mais uma vez.

- Vocês só saíram com esse relógio por cima do meu cadáver, ele pode ser muito perigoso, se não souber usar.

Marlon pegou sua arma no chão, limpou o sangue da boca, preveniente do soco de Dante, e apertou o botão, uma estrutura azul surgia por trás de Marlon, Pâmela e Suelen.

-Sei muito bem como usar, obrigado pela dica, e Dante, você tinha razão, não pode confiar em mim mesmo.
Apontando a arma e disparando duas vezes contra seu peito, Dante caiu quase desacordado, o sangue em sua garganta, sua última visão antes de perder a consciência, foi os três traidores entrando pelo portal de lu azul.

Após um clarão, Daniel e Giulia entraram na casa e viram Dante desacordado e coberto de sangue,

-DANTE, DANTE, ACORDE IRMÃO, POR FAVOR